domingo, 8 de dezembro de 2013

Tenemos un problema de lenguaje

Escrito por Martín Gelabert.
En la exhortación apostólica de Francisco sobre “la alegría del Evangelio” aparecen una serie de temas que ya han aflorado en sus homilías y, sobre todo, en las entrevistas periodísticas que tanto revuelo han causado. Uno de estos temas es el del lenguaje con el que explicamos y anunciamos nuestra fe. El Concilio Vaticano II ya había dicho que “la adaptación de la predicación de la palabra revelada debe mantenerse como ley de toda la evangelización”. Me temo que algunos no hemos sabido adaptarnos y seguimos cómodamente repitiendo fórmulas que muchos no entienden. Como no las entienden, no pueden acogerlas debidamente. En esta línea Francisco ofrece unas interesantes consideraciones: debemos “expresar las verdades de siempre en un lenguaje que permita advertir su permanente novedad”. No se trata de ofrecer una nueva verdad o de acomodar o reducir la revelación para que no resulte chocante o sea más fácilmente aceptada. Se trata de decirla de forma que parezca “nueva”. Porque al resultar nueva despierta la atención del oyente y así el oyente puede plantearse si quiere acogerla.
“A veces, escuchando un lenguaje completamente ortodoxo, sigue diciendo Francisco, lo que los fieles reciben, debido al lenguaje que ellos utilizan y comprenden, es algo que no responde al verdadero Evangelio de Jesucristo”. Esta advertencia es muy seria: buscando ser ortodoxos no respondemos al Evangelio. En nombre de la máxima ortodoxia podemos transmitir heterodoxia. Continúa diciendo el Papa: “con la santa intención de comunicarles la verdad sobre Dios y sobre el ser humano, en algunas ocasiones les damos un falso dios o un ideal humano que no es verdaderamente cristiano”. Son advertencias muy graves: repetir un lenguaje que en otras épocas y para otras mentalidades resultó adecuado, puede hoy convertirse en la mayor de las infidelidades, bien porque los oyentes no entienden nada o bien porque entienden “otra cosa”.
El lenguaje está estrechamente ligado a los signos y a las costumbres. También ahí tenemos un problema. Hay algunas costumbres muy arraigadas a lo largo de la historia, no directamente ligadas al núcleo del Evangelio, “que hoy ya no son interpretadas de la misma manera”. Por eso “ahora no prestan el mismo servicio en orden a la transmisión del Evangelio”. El Papa anima a no tener “miedo a revisarlas”. Dígase lo mismo a propósito de normas o preceptos eclesiales “que pueden haber sido muy eficaces en otras épocas pero que ya no tienen la misma fuerza educativa como cauces de vida”. En conclusión: “la tarea evangelizadora se mueve entre los límites del lenguaje y de las circunstancias”. Debemos reflexionar sobre ello y sacar las oportunas consecuencias pastorales.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A Ordem da Imaculada Conceição



Frei Clarêncio Neotti, OFM
Na história do dogma da Imaculada Conceição e da devoção à Virgem Maria concebida sem pecado original, destacam-se Santa Beatriz da Silva e a Ordem religiosa por ela fundada, hoje chamada Ordem das Irmãs Concepcionistas Franciscanas, ou Ordem de Santa Beatriz ou, simplesmente, Concepcionistas. No início, a Ordem se chamou Ordem da Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, mas como as Irmãs estavam estreitamente ligadas aos Franciscanos, que lhe davam assistência e subsídio teológico, o povo espanhol chamava a Ordem de “Concepción Francisca”.
De fato, a Ordem nasceu na Espanha, precisamente em Toledo, onde, em 1484, Beatriz Menezes da Silva, com doze companheiras, deu início à nova família religiosa com uma intenção bem definida: contemplar e difundir o privilégio da Imaculada Conceição de Maria, então ainda apenas devoção e objeto de complicadas discussões teológicas. Em abril de 1489, o Papa Inocêncio VIII aprovou a nova Ordem “sob a proteção da Conceição bem-aventurada”.
Beatriz trouxera do berço a devoção à Virgem Imaculada. Nasceu em 1426, em Ceuta, costa da África setentrional, de pais portugueses: Ruy Gomes da Silva e Isabel Meneses. Os pais, aparentados com a família real portuguesa, trabalhavam na corte e foi em meio ao bulício cortesão que Beatriz se educou, como disse o Papa Paulo VI, “rica em dons da natureza e da graça, distinguindo-se desde os primeiros anos por uma singular devoção a Jesus Cristo e à Virgem Mãe de Deus, sobressaindo por sua prudência, retidão de vida e progresso nos estudos cívicos e religiosos”. Moça extraordinariamente bonita, foi dama de honra da Rainha Isabel de Castela. Afastando todas as pretensões de casamento, emitiu voto de perpétua virgindade e retirou-se para um mosteiro de Toledo. Mas não se fez religiosa. Por 30 anos viveu como leiga consagrada. Só em 1484, deu início à nova forma de vida, uma vida enclausurada, contemplativa, com um carisma monacal bem definido.
Beatriz não conseguiu solidificar a Ordem, porque faleceu em agosto de 1490. Mas o que é de Deus sempre tem futuro garantido. As Filhas de Santa Beatriz cresceram no meio de dificuldades e de muita santidade. Em 1546, a Ordem já contava com mais de quarenta mosteiros, inclusive um no México. Aliás, as Concepcionistas foram as primeiras religiosas a acompanhar os missionários na América Latina e Filipinas, sem esquecer que foram também as primeiras contemplativas que se fixaram no Brasil. A Ordem das Concepcionistas Franciscanas está hoje presente com quase 200 mosteiros em vários países do mundo.
Beatriz, que tem um irmão de sangue franciscano e bem-aventurado (Beato Amadeu da Silva), foi canonizada pelo Papa Paulo VI, no dia 3 de outubro de 1976, coroando, assim, uma multissecular veneração que o povo, sobretudo da Espanha, Portugal e América Latina, sempre teve para com aquela que renunciara à corte e a suas pompas para viver na contemplação e na difusão do privilégio da Imaculada Conceição de Maria.
Na Ordem de Santa Beatriz surgiram grandes figuras marianas, como a venerável Madre Maria de Jesus de Ágreda (1602-1665), teóloga, mística, missionária, autora do famoso livro “Mística Cidade de Deus: Vida da Virgem Mãe de Deus”, considerado patrimônio da mística cristã, obra traduzida para vários idiomas, inclusive o português (tradução feita pela Abadessa do Mosteiro concepcionista Portaceli, Ponta Grossa, Pr). Poderíamos ainda lembrar as veneráveis Madre Maria dos Anjos Sorazu (também escritora), Madre Maria Teresa de Jesus Romero, Madre Mariana de Jesus, Irmã Maria de Jesus de Puebla (México). Suas causas de canonização estão chegando à fase final.
Os brasileiros não podemos esquecer o nome de Madre Joana Angélica de Jesus, que deu a vida em defesa das Irmãs, em 1822, quando as tropas do General Madeira invadiram o sagrado recinto do Mosteiro da Lapa, em Salvador da Bahia, tornando-se mártir da caridade e a primeira mártir da Ordem. Os historiadores chegaram a chamá-la de Mártir da Independência. São muitas as Irmãs que, ao longo de quinhentos anos, brilharam por sua santidade, ainda que escondidas na clausura, e por sua terníssima devoção à Virgem Maria concebida sem pecado.
Santa Beatriz e as Concepcionistas estão ligadas à Imaculada Conceição de Maria como a água está ligada ao mar. O decreto de aprovação das Novas Constituições (1993) afirma: “Santa Beatriz da Silva deu origem em Toledo a uma nova família religiosa, que encontra sua raiz e sua razão de ser na Igreja, na contemplação do mistério da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria e no empenho por imitar e reproduzir suas virtudes”. O verbo contemplar e o verbo imitar ocorrem algumas dezenas de vezes na Regra e nas Constituições da Ordem Concepcionista. A contemplação leva à imitação. E o esforço de imitar leva necessariamente à contemplação.
Como é possível alguém imitar a Imaculada Conceição, se todos nascemos marcados pelo pecado original com sua legião de conseqüências? Encontrei resposta em vários parágrafos das Constituições da Ordem de Santa Beatriz. Trata-se de imitar o modo como viveu a Virgem Maria, o modo como ela cumpriu a missão recebida, ou seja, como ela viveu a sua vocação específica. Primeiro, no silêncio. Não apenas o silêncio da boca fechada, mas o silêncio dos ouvidos abertos. Ou seja, o silêncio que se transforma em escuta. Foi o grande elogio que Jesus deu à sua Mãe: “Minha mãe é aquela que escuta a Palavra de Deus” (Lc 8,21). O escutar tem tanto a ver com o contemplar, quanto a solidão tem a ver com a comunhão.
Depois, a Concepcionista imita a Virgem Imaculada na obediência. A palavra ‘obediência’ e a palavra ‘escuta’ têm a mesma origem semântica. Obediência vem de ob-audire, ou seja, escutar com a máxima atenção. Obedecer a Deus significa, então, antes de tudo, escutar Deus. E obedecer às Irmãs significa escutar as irmãs com atenção e atitude acolhedora. Na espiritualidade franciscana, cultivada pelas filhas de Santa Beatriz, a obediência não é vertical (a súdita que obedece à superiora), mas horizontal (a Irmã que escuta e obedece à co-irmã). A obediência, portanto, tem muito a ver com a comunhão fraterna que, por sua vez, é condição para a verdadeira contemplação.
As Constituições das Concepcionistas ensinam que a Irmã imita a Virgem Maria também no serviço. O n. 99 das Constituições lembra que serviço é, sim, trabalho. Mas é também a responsabilidade de cada uma no fazer a comunhão fraterna, no construir a comunidade. Aqui toma sentido grande a afirmação programática de Jesus: “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). O n. 99 tem um terceiro campo que chama de serviço: a vivência da fé. Pode parecer estranho que se chame a vivência da fé de serviço. Mas o que é vivência da fé, se não a convivência fraterna, onde cada uma deve ser tudo para todas e fazer tudo para todas? Viver a realidade de cada dia é trabalhar para que a realidade de cada dia se torne prenhe de fé e assuma o status de Reino dos Céus.
As Irmãs Concepcionistas podem viver hoje o mesmo carisma de Santa Beatriz e Santa Beatriz pôde vivê-lo, porque antes dela o próprio Filho de Deus e Filho de Maria viveu e tornou-se modelo de todas as virtudes que vemos e admiramos na Virgem-Mãe Imaculada. De fato, Jesus foi e é silêncio e escuta, obediência e serviço. Como silêncio e escuta, obediência e serviço foi a Virgem-Mãe de Jesus. Como silêncio e escuta, obediência e serviço distinguiram a virgem-mãe Santa Beatriz. Viver o silêncio para poder escutar, viver a obediência para poder servir é a melhor maneira para uma pessoa ser, de fato, contemplativa e imitadora do mistério da Imaculada Conceição da bem-aventurada Virgem Maria.
Dou alguns endereços de Mosteiros de Concepcionistas no Brasil:
● Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Ajuda, rua Barão de São Francisco, 385 – Vila Isabel – 20541- 370 Rio de Janeiro RJ.
● Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, Av. Tiradentes 676 – Luz – 01102-000 São Paulo SP.
● Mosteiro da Imaculada Conceição e São José, Av. Visconde do Rio Branco 2590 – Joaquim Távora – 60055-171 Fortaleza CE.
● Mosteiro Sagrado Coração de Jesus e Imaculada Conceição, Rodovia PI 5, km 3. 64800-970 Floriano PI.
● Mosteiro da Imaculada Conceição e Santa Clara, Rua Maria Domingas Milego 75. 18050-100 Sorocaba SP.
● Mosteiro da Imaculada Conceição, Rodovia Presidente Dutra, km 234, bairro Santa Beatriz da Silva, 12501-970 Guaratinguetá SP.
A Família franciscana celebra a festa de Santa Beatriz da Silva no dia 17 de agosto. A oração da festa lembra que, em sua vida contemplativa e virginal, resplandeceu a devoção à Virgem Imaculada, concebida sem pecado, Mãe de Deus e nossa mãe.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?page_id=5490#sthash.XpvpCncV.dpuf

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A Patrística Pré-agostiniana

 Características Gerais

fonte: http://www.itf.org.br/a-patristica-pre-agostiniana-2.html

 
Com o nome de patrística entende-se o período do pensamento cristão que se seguiu à época neotestamentária, e chega até ao começo da Escolástica: isto é, os séculos II-VIII da era vulgar. Este período da cultura cristã é designado com o nome de Patrística, porquanto representa o pensamento dos Padres da Igreja, que são os construtores da teologia católica, guias, mestres da doutrina cristã. Portanto, se a Patrística interessa sumamente à história do dogma, interessa assaz menos à história, em que terá importância fundamental a Escolástica.
A Patrística é contemporânea do último período do pensamento grego, o período religioso, com o qual tem fecundo contato, entretanto dele diferenciado-se profundamente, sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo. E é também contemporâneo do império romano, com o qual também polemiza, e que terminará por se cristianizar depois de Constantino. Dada a culminante grandeza deAgostinho, a Patrística será dividida em três períodos: antes de Agostinho, período em que, filosoficamente, interessam especialmente os chamados apologistas e os padres alexandrinos ; Agostinho, que merece um desenvolvimento à parte, visto ser o maior dos Padres; depois de Agostinho vem o período que, logo após a sistematização, representa a decadência da Patrística.

O II Século

Os Apologistas e os Controvertistas

A Patrística do II século é caracterizada pela defesa que faz do cristianismo contra o paganismo, o hebraísmo e as heresias. Os padres deste período podem-se dividir em três grupos: os chamados padres apostólicos , os apologistas e os controversistas . Interessam-nos particularmente os segundos, pela defesa racional do cristianismo contra o paganismo; ao passo que os primeiros e os últimos têm uma importância religiosa, dogmática, no âmbito do próprio cristianismo.
Chamam-se apostólicos os escritos não canônicos, que nos legaram as duas primeiras gerações cristãs, desde o fim do primeiro século até a metade do segundo. Seus autores, quando conhecidos, recebem o apelido de padres apostólicos, porquanto floresceram no templo dos Apóstolos, ou os conheceram diretamente, ou foram discípulos imediatos deles.
Costuma-se designar como o nome de apologistas os escritores cristãos dos fins do segundo século, que procuram de um lado demonstrar a inocência dos cristãos para obter em favor deles a tolerância das autoridades públicas; e provar do outro lado o valor da religião cristã para lhe granjear discípulos. Seus escritos, portanto, são, por vezes, apologias propriamente ditas, por vezes, obras de controvérsia, às vezes, teses. E são dirigidas às vezes contra os pagãos, outras vezes contra os hebreus. Os apologistas, mais cultos do que os padres apostólicos, freqüentemente são filósofos – por exemplo, São Justino Mártir – ainda que não apresentem uma unidade sistemática; continuam filósofos também depois da conversão, e se esforçam por defender a fé mediante a filosofia. Para bem compreendê-lo, é mister lembrar que o escopo por eles visado era, sobretudo, por em focos os pontos de contato existentes entre o cristianismo e a razão, entre o cristianismo e a filosofia. E apresentavam o cristianismo como uma sabedoria, aliás, como a sabedoria mais perfeita, para levarem, gradualmente, até à conversão os pagãos.
O maior dos apologistas é certamente São Justino. Flávio Justino Mártir nasceu em Siquém na Palestina em princípios do segundo século, e morreu mártir no ano 170. Depois de Ter peregrinado pelas mais diversas escolas filosóficas - peripatética, estóica, pitagórica – em busca da verdade para a solução do problema da vida, abandonando oplatonismo, último estádio da sua peregrinação filosófica, entrou no cristianismo, onde encontrou a paz. Ufana-se ele de ser filósofo e cristão; leigo embora, Justino dedicou sua vida à difusão e ao ensino do cristianismo. Imitando os filósofos, abriu em Roma uma escola para o ensino da doutrina cristã. Suas obras são duas Apologias - contra os pagãos – e um Diálogo com o judeu Trifão - contra os hebreus. Escreveu suas obras nos meados do segundo século.
Justino procura a unidade, a conciliação entre paganismo e cristianismo, entre filosofia e revelação. E julga achá-la, primeiro, na crença de que os filósofos clássicos – especialmente Platão - dependem de Moisés e dos profetas, depois da doutrina famosa dos germes do Verbo, encarnado pessoalmente em Cristo, mas difundidos mais ou menos em todos os filósofos antigos.

O III Século:

Os Alexandrinos e os Africanos

O terceiro século apresenta um interesse particular pelo que diz respeito ao pensamento cristão. Tentou-se um renovamento do paganismo com bases no panteísmo neoplatônico e nos cultos orientais, fundidos numa característica síntese filosófico-religiosa em oposição ao cristianismo, que já ia afirmando mesmo culturalmente. Os Padres deste período polemizam filosoficamente com os pensadores pagãos, levados a estimarem seus adversários.
O cristianismo, sem mudar a sua fisionomia original, está em condições de desenvolver do seu seio um pensamento, uma filosofia, uma teologia, que representarão a sua essência doutrinal. Daí a distinção que então se afirmou entre os simples fiéis e os gnósticos - sábios – cristãos. Este gnosticismo cristão se afirmou especialmente em Alexandria do Egito, o grande centro cultural da época, mesmo do ponto de vista católico. Naquele famoso didascaléion , naquela celebrizada escola catequética, espécie de faculdade teológica, foram luminares Clemente e Orígenes.
O cristianismo filosófico é próprio e característico dos padres alexandrinos, que vivem na tradição cultural helenista, enaltecedora e potenciadora dos valores intelectuais, teoréticos, especulativos, metafísicos, dos quais teremos, em tempo oportuno, o primeiro sistema orgânico de teologia cristã, graças a Orígenes. É, entretanto, hostilizado pelos padres chamados africanos, pertencentes não à África oriental, ao Egito, mas África ocidental, latina, que se ressentem, por conseguinte, do espírito prático, pragmatista, jurídico, moralista latino – que produziu os estóicos e os cínicos romanos – em oposição ao gênio grego. Se bem que entres os padres africano-latinos apareçam vulto notáveis, como por exemplo Tertuliano, os padres africanos – bem como os padres latinos em geral – não apresentam interesse particular para a história da filosofia.
Clemente Alexandrino - Tito Flávio Clemente – nasceu no ano 150, provavelmente em Atenas, de família pagã. Converteu-se ao cristianismo talvez levado por exigências filosóficas; desejoso de um conhecimento mais profundo do cristianismo, empreendeu uma série de viagens em busca de mestres cristãos. Depois de ter visitado a Magna Grécia, a Síria e a Palestina, foi, pelo ano 180, para Alexandria do Egito, onde o seu espírito achou finalmente paz junto do eminente mestre Panteno. Falecido este no ano 200, Clemente foi chamado para dirigir a famosa escola catequética, cabendo-lhe a glória de ter o grande Orígines entre seus discípulos. Devido às perseguições anticristãs do imperador Setímio Severo, que mandou fechar a escola, Clemente teve de suspender o seu ensino alguns anos depois. Retirou-se para a Ásia Menor, junto de um seu antigo discípulo, o bispo Alexandre de Capadócia, e morreu nessa cidade entre 211 e 216.
Embora as preocupações de Clemente sejam sobretudo morais e pedagógicas, e os meios empregados, satisfatoriamente, religiosos e cristãos sobretudo, valoriza ele também, e grandemente, a filosofia, à maneira de Justino, sendo ademais dotado de uma erudição prodigiosa e de uma cultura incomparável. As obras principais de Clemente são: o Protréptico - isto é, o Verbo promotor da vida cristã – pequena apologia em doze capítulos, perfeitamente acabada na forma e no conteúdo; o Pedagogo , em três livros, apresentado no primeiro o Verbo como educador das almas, e indicando nos demais dois livros os vícios mais graves, que os cristãos devem evitar; os Strômata - tapetes – que é uma coleção de pensamentos, considerações, dissertações filosóficas, morais e religiosas, de interesse especialmente ético.
Filosoficamente importante e característica é a distinção que faz Clemente dos cristãos em simples fiéis e gnósticos , isto é, sábios, perfeitos. O gnóstico cristão, diversamente do simples fiel ou crente, é consciente de sua fé, justificando-a e organizando-a racionalmente, filosoficamente. “Querendo harmonizar a doutrina cristã com a filosofia pagã, acentuava demasiadamente a última, negligenciando um tanto a Sagrada Escritura e a Tradição”.
Discípulo de Clemente, Orígenes, chamado adamantino por sua energia incomparável, é o maior expoente filosófico da escola alexandrina. Nasceu em Alexandria do Egito, pelo ano 185, de família cristã. O precoce menino recebeu do pai, Leônidas, a primeira formação literária e, sobretudo, religiosa. Durante a perseguição de Septímio Severo, Orígenes, desprezando os mais graves perigos, foi encarregado pelo bispo de Alexandria, Demétrio, da direção da famosa escola didascaléion , que o seu mestre Clemente teve que abandonar. Tinha então Orígenes dezoito anos. Aos vinte e cinco, sentindo a necessidade de conhecer profundamente as doutrinas que desejava combater e querendo completar a sua formação, escutou – como Plotino - as lições de Amônio Saca. Empreendeu então longas viagens para se instruir, sobretudo, religiosamente, e para atender aos desejos de grandes personagens que queriam consultá-lo. Ordenado sacerdote no ano 230 pelos bispos de Cesaréia e de Jerusalém, contra a vontade de seu bispo, de volta à pátria, foi proibido por este de ensinar e foi condenado, devido também a algumas opiniões heterodoxas contidas na sua grande obra Sobre os Princípios , e também por ciúme, talvez, no dizer de São Jerônimo. Retirou-se então Orígenes para a Palestina, abrindo em Cesaréia uma escola teológica ( chamada depois neo-alexandrina – , que superou a de Alexandria pelo seu caráter científico. Aí lecionou ainda durante vinte anos, falecendo em Tiro pelo ano 254.
A atividade literária de Orígenes não conhece igual, atribuindo-se-lhe milhares de obras. Prescindindo dos escritos exegéticos e as céticos, que não nos interessam, mencionamos a obra Sobre os Princípios e os oito livros Contra Celso . Por princípios Orígenes entende os artigos principais do ensino da Igreja, e as verdades primordiais deduzidas mediante a razão teológica das premissas reveladas, por falta de revelação formal. A obra Sobre os Princípios nos proporciona a ciência baseada na Revelação, e representa uma suma teológica verdadeira e própria. Representa, talvez, a primeira grande síntese doutrinal da Igreja, segundo a tendência metafísica dos doutores orientais. Granjeou ao autor grande nomeada e contém o origenismo , que depois suscitou a grande polêmica origenista. A obra Contra Celso é a mais célebre de Orígenes sob o aspecto apologético. É uma resposta à obra Sermão Verdadeiro de Celso, filósofo pagão. Antes de tudo, declara Orígenes que a melhor apologia do cristianismo é constituída pela vitalidade divina da Igreja, isto é, pela sua força e virtude para a reforma moral dos homens e pela sua difusão universal, apesar dos ataques dos adversários. A maior parte do escrito é, todavia, dedicada ao exame atento e pormenorizado das profecias, dos milagres e das afirmações solenes de Cristo, visto que Celso, que tinha estudado as fontes do cristianismo, o ataca em todos os pontos. Nesta obra, Orígenes ostenta uma erudição extraordinária, uma serenidade nobre e inigualável, bem como uma fé inabalável. Orígenes pode ser considerado o verdadeiro fundador da teologia científica, bem como o primeiro sistematizador do pensamento cristão em uma vasta síntese filosófica.

O IV Século:

Os Luminares de Capadócia

O século quarto, especialmente a Segunda metade, representa a idade de ouro da Patrística. Basta lembrar, para a igreja oriental, Atanásio, o malho do arianismo, os luminares de Capadócia – Basílio, Gregório Nazianzeno e Gregório de Nissa – , e João Crisóstomo, o mais celebrado representante da escola de Antioquia; para a igreja ocidental, Ambrósio de Milão e Jerônimo. Os padres dessa época se exprimem em aprimorada forma clássica e possuem uma profunda cultura filosófica. Os maiores dentre eles são solidamente formados na solidão monástica e ascética e pertencem, geralmente, às altas classes sociais. A igreja católica, declarada livre pelo Edito de Milão, protegida por Constantino, torna-se religião do estado com Teodósio. Estas condições de paz e de privilégio, eram certamente favoráveis à cultura cristã.
Entretanto, a grandeza da Patrística, no quarto século, não é tanto científica, quanto dogmática, teológica. A teologia, sobretudo graças aos luminares de Capadócia, torna-se uma construção intelectual sistemática, imponente, devido naturalmente à filosofia, à lógica aristotélica, que proporcionam o instrumento, o método, para a precisão e a organização do dogma. As grandes heresias da época obrigaram os padres a defender racionalmente, filosoficamente, a doutrina católica, atacada especialmente por Ário (256-336), padre alexandrino oriundo da Líbia, negador da divindade do Verbo. A heresia ariana – arianismo – foi condenada pelo concílio de Nicéia (325), sendo Atanásio o mais destacado e forte opositor.
São João Crisóstomo, de Antioquia, nasceu de família ilustre, pelo ano 344. Recebeu uma educação clássica aprimorada, estudando retórica, filosofia, direito, que, depois de batizado, valorizou cristãmente na solidão e no ascetismo. Padre em Antioquia, e depois bispo de Constantinopla, faleceu, degredado pela fé, em 407. É significativo neste grande prelado o senso profundo da vaidade do mundo, e a grande estima do cristianismo, concebido como ascética.
Também os grandes representantes da escola neo-alexandrina, os luminares de Capadócia, foram grandes testemunhas do caráter fundamentalmente ascético do Cristianismo. São Basílio, nascido em Cesaréia de Capadócia pelo ano de 330 de família rica e cristã, fez longos e aprofundados estudos, aperfeiçoando-se em Atenas. Recebido o batismo, abandona o mundo e se retira para a vida ascética, organizando a vida solitária dos que o seguiram, e escrevendo uma Grande Regra e uma Pequena Regra , para a vida monástica, em que a atividade dos monges é distribuída entre o trabalho, o estudo, a oração, pelo que será considerado o legislador do monaquismo oriental. Trata-se, porém, de regras morais, e não jurídicas, destinadas a um monaquismo culto, aristocrático. Grande admirador de Orígenes, insigne promotor da beneficência cristã quando bispo de Cesaréia, e organizador da vida monástica na Capadócia, faleceu em 379. Também São Gregório, chamado Nizianzeno, nasceu pelo ano 330 em Capadócia, de família cristã, fez estudos aprofundados, que aperfeiçoou em Atenas. Também ele admirou e praticou a vida ascética com o amigo Basílio, compartilhando com ele a admiração para com Orígenes. Bispo de Sásima antes e, em seguida, de Constantinopla, inflamou os fiéis com a sua pregação brilhante e comovedora. Aristocrático e delicado, pouco afeito à vida prática, retirou-se depois para a solidão, em conformidade com o seu ideal ascético e contemplativo, falecendo pelo ano 390.
São Gregório de Nissa foi o maior dos luminares de Capadócia e, talvez, de todos os padres gregos sob o aspecto especulativo e filosófico. Irmão de Basílio, nasceu pelo ano 355 em Cesaréia e recebida uma informação cultural aprimorada, foi destinado ao estado eclesiástico; entretanto, deixou-se desviar da sua vocação, foi professor de retórica e casou-se. As exortações do irmão e de Gregório Nazianzeno persuadiram-no da vaidade do mundo, até que afinal, abandonando a cátedra de retórica, retirou-se para a vida ascética contemplativa. Em seguida, foi feito bispo de Nissa, cidadezinha da Capadócia, primando pela sua cultura teológica e filosófica. Faleceu, provavelmente, em 395. Gregório de Nissa é o maior filósofo dos padres gregos. Esforça-se para mostrar que os dados da razão e os ensinamentos da fé não se hostilizam, mas se harmonizam reciprocamente. Possui, como verdadeiro filósofo, o gosto das definições claras e das classificações metódicas. Como em teologia é origenista, em filosofia é neoplatônico.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

El liderazgo carismático de la misión

Escrito por José Cristo Rey G. Paredes. 
fonte: http://www.vidareligiosa.es

La función más importante de quien ha sido elegido director o directora de una comunidad religiosa (superior o superiora)  es la de dirigir, acompañar la misión carismática de la comunidad o del grupo. No solo se tiene la gravísima responsabilidad de velar por la vivencia del carisma, también por su expresión dinámica y misionera.
La misión es la razón de ser de una comunidad, porque es la razón de ser de la Iglesia. La misión no es una simple tarea humana. Es participar en la “missio Dei”, en la misión del Espíritu que actúa en nuestra historia y lleva adelante el proyecto del Abbá y de Jesús, el Señor.
Quien dirige la comunidad cristiana o religiosa ha de velar para que todos los dinamismos personales y comunitarias de colaboración con el Espíritu Santo estén siempre activados. Cuando una comunidad se convierte en grupo de trabajadores, o de empleados, está perdiendo su identidad carismática. Está siendo sometida a una mutación que le hace perder el buen espíritu. Quien dirige una comunidad ¡no debe permitirlo!
Una comunidad en misión necesita “visión”. Si no será una comunidad que “a ciegas”. No se trata de “hacer”, de “trabajar”, de llenar los horarios”. Se trata de saber “porqué”, “para qué”, “desde dónde”, “hacia qué”. La conciencia de misión y la visión son presupuestos fundamentales para que una comunidad responda a su carisma y misión.

La misión requiere visión y proyecto. No se improvisa de un momento a otro. Pero tampoco se confunde con un trabajo estable, con un empleo permanente que tiene ocupada a una persona durante un determinado tiempo. La misión depende de lo que Dios nos confía en cada momento, en cada situación, en respuesta a lo que nuestros hermanos y hermanas, los seres humanos, necesitan.
La misión nos vuelve instrumentos vivos de Dios-Amor, del Abbá que atiende a sus hijos e hijas, de Jesús que proclama el Reino, construye comunidades y sana, del Espíritu Santo que derrama el amor, la verdad y la luz, por doquier. Un instrumento viviente y libre -como somos nosotros- ha de estar muy atento a aquello que quiere el que “le envía”. De alguna forma, ha de desapropiarse del propio querer y dejarse llevar.
En nuestras comunidades ésta debería ser la gran preocupación: ¿qué puede hacer Dios a través de nosotros con aquello que ahora está ocurriendo? Necesitamos dirigir una mirada atenta y sensible a nuestro Dios y otra hacia las necesidades y urgencias de nuestro entorno, utilizando esa peculiar “lente” que es nuestro carisma.
Quienes no dirigen deben procurar que se produzca esa conexión o chispazo entre el querer de Dios y la necesidad de nuestros hermanos. A partir de ahí vendrá la visión y el proyecto. A nuestros proyectos comunitarios no debería faltarles el alma de todo proyecto: la colaboración en la “missio Dei”, que da sentido a todo. La misión no debe ser el útlimo apartado, sino el primero, el que da razón de ser a todo. No somos primero religiosos y después misioneros. Somos religiosos porque nos sentimos llamados a una peculiar misión.
La “peculiaridad” de la misión en un “religioso” tiene que ver con la revelación de Dios, con mostrar el rostro de Dios. A partir de su bautismo, Jesús se dedicó a mostrar a Dios en hechos y palabras. Nuestra misión es, ante todo, mostrar a Jesús en hechos y palabras. A ello nos mueve y lleva el Espíritu Santo. Esa es la luz que brilla en lo que hacemos y decimos. Esa es el aura que nos envuelve las 24 horas del día.
Pero ¿existe entre nosotros el suficiente espíritu de fe como para plantearnos la misión en esta perspectiva?  Quien nos envía no es, primariamente la comunidad, es nuestro Dios quien envía a la comunidad y a cada uno de sus miembros. La comunidad no es dueña de la misión, ni es ella la que prescribe dónde y cómo ha de realizarse. La comunidad es “servidora de Jesús”. Y quienes tienen el liderazgo carismático han de procurar que nadie, ni individuo, ni grupo, suplanten al Señor, al Espíritu. Han de favorecer el discernimiento espiritual, para que el Maligno -con quien Jesús hubo de enfrentarse tantas veces, porque quería desvirtuar su misión-, no desvirtue y desencamine la misión de cada comunidad.

domingo, 17 de novembro de 2013

Doctores tiene la Iglesia

Escrito por Jesús Garmilla.
Cuando iba dejando atrás mi infancia y mi adolescencia, y comenzaba a barruntar preguntas sobre la religión cristiana que me habían transmitido de pequeño, comenzaron a incrementarse las preguntas en mi mente y en mi corazón de joven recién estrenado. Acudía a quienes tenía más cercanos: sacerdotes, profesores, tal vez a mis padres… Reconozco que mis preguntas, que eran dudas, ganas de saber, “cosas” que no veía claras o no entendía, podían ser complicadas, rebuscadas, “raras”; puede que traspasaran los límites de los conocimientos habituales, imprescindibles, heredados, suficientes para llevar una vida cristiana “normal” en un joven de mi edad. Tengo que admitir que pocas veces mis interrogantes quedaron medianamente resueltos. Predominaba una respuesta muy genérica: “Doctores tiene la Santa Madre Iglesia que te sabrán responder”. Por supuesto, nunca me dieron los nombres de dichos “doctores”, ni lógicamente su dirección o teléfono para poder contactar con ellos y resolver mis demandas, a veces un tanto angustiosas. Con el paso de los años tuve que buscarme, yo solito, la identidad y “residencia” de aquellos misteriosos doctores que todo lo sabían y no admitían duda alguna, nadando en el campo de las certezas teológicas.
Y es que la Iglesia casi siempre presumía de tener “respuesta para todo”. Soluciones que guardaban en una especie de cofre sagrado, un sancta sanctorum, al que pocos tenían acceso. Solía llamársele “depositum fidei”. Y había que ganarse, a fuerza de diálogo, lectura, reflexión, dudas y claridades, un cierto acceso a esa especie de “misterio” reservado a los más notables, normalmente, clérigos.
En esta Iglesia que tanto amamos, se nos ha dado todo hecho: los dogmas, creencias, rituales litúrgicos, normas éticas, organización jerárquica; representaban un”todo”, un “pack” decimos ahora, intocable, inmutable, fabricado de antemano por mentes sabias y, por supuesto, santas. Pocas veces se nos preguntó nada. Nosotros pertenecíamos a una Iglesia llamada “discente” (con la tarea de asentir y aprender), donde otro “sector”, el “docente”, tenía la misión de enseñar, transmitir, organizar; en ocasiones a través de mecanismos un tanto sospechosos donde la libertad y la responsabilidad personales quedaban un tanto menguados.
Todo esto para decir cuánto nos ha sorprendido, alegrado y entusiasmado el gesto insólito de Francisco, obispo de Roma y pastor universal de la Iglesia, de formularnos 38 preguntas a todos los cristianos, no sólo a la jerarquía, a los clérigos, a la parte que se mueve cercana al ápice de la pirámide eclesial, sino a la base de la misma, a los “discentes”, a los que siempre hemos tenido que acudir a esos misteriosos e inasequibles “doctores que tiene la Santa Madre Iglesia”. Con este gesto, inesperado por desacostumbrado, Francisco retorna a los inicios de la Iglesia, al “sensus fidelium”, es decir, al derecho y al deber de los cristianos de a pie a “decir nuestra palabra”, que no tiene por qué ser la última, pero puede ser la penúltima. Y que nos recuerda tanto a las primeras comunidades que nos narra Lucas, por ejemplo en la elección de Matías (cfr.Hech.1,15-26). Y por supuesto, al espíritu y a la letra del Vaticano II.
Lo lamentable es la reacción negativa que el evangélico (aunque desacostumbrado) gesto del Papa, ha supuesto en determinados sectores eclesiales. Da la impresión que preguntar a los cristianos sencillos sobre temas discutibles, opinables, y ciertamente graves y con una fuerte carga de sufrimiento para muchos, supone una dejación en el servicio ministerial de la autoridad petrina y de la jerarquía. Da la impresión de que la sinodalidad, la colegialidad, el llamamiento a la participación eclesial, del que tanto hablaba, entre otros, Carlo Martini, provoca un desajuste en las conciencias de determinados sectores católicos. Da la impresión de que algunos prefieren que les dicten desde arriba los comportamientos a seguir antes de auscultar las opiniones de los cristianos y de la sociedad civil… Pero tal vez lo más doloroso son las razones que se esgrimen para desautorizar una “consulta popular” como la que ha iniciado el Papa: ¡la ignorancia de los cristianos!  Es verdad que existe un profundo desconocimiento religioso/teológico en nuestro pueblo sencillo, pero debemos preguntarnos quiénes son los responsables de una ignorancia buscada, interesada e inducida durante siglos en nuestro laicado. La respuesta puede estar en la mente de muchos; ojalá estuviera en la mente de todos.
Fonte: http://www.vidareligiosa.es

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

La vida de los religiosos clama en América Latina

Escrito por José María Arnaiz.

En la Asamblea General de la CLAR del mes de junio del 2012 en Quito se elaboró el Horizonte inspirador de la Vida consagrada en América Latina y el Caribe. De él nació el Plan Global inspirado en el icono de Betania y aprobado en la Junta General que se tuvo en México en marzo de este año y que lleva por título: “Escuchemos a Dios donde la vida clama”. En él hemos querido situar la vida consagrada en los nuevos escenarios y unir nuestra voz a la de los sujetos emergentes y parte de la sinfonía que se originó es la que presentamos en este artículo. Tuvimos la impresión de que el que dirigía la orquesta era el Espíritu Santo, que estaba presente y sugería, proponía y a ratos forzaba la máquina para que hubiera compromiso y propuesta nueva.
La letra y la música de esta canción fueron presentadas, también, en el Vaticano y al Papa Francisco. Las escuchó con atención. La visita y el mensaje que nos dejó se han convertido para nosotros en gracia y compromiso. Podemos decir que nuestro clamor es su clamor ya que él es de todos en la Iglesia y la vida consagrada, pero de nosotros procede.
Hilo conductor del plan global
En él hay palabras claves que amalgaman el corto texto: vida, consagrada, nueva. En los religiosos y religiosas del Continente y del Caribe se sufre y se goza; se vive un momento fuerte. Los consagrados claman. Hay que estar atentos y escuchar su voz que va unida a la de los emigrantes, jóvenes, indígenas, afroamericanos, mujeres, encarcelados y excluidos. El clamor de los religiosos es por una nueva forma de vida religiosa. El icono bíblico de Betania ha inspirado el plan. Tiene cuatro protagonistas: Jesús, Marta, María y Lázaro. Si uno les contempla sitúan la vida consagrada en tres situaciones que en el momento actual son reales: la vida consagrada enferma, dormida o muerta. Pero la más real nos la ofrece la escena central y las palabras de Jesús: en ella se resucita, se pasa de la muerte a la vida y se escucha decir a Jesús: Yo soy la resurrección y la vida. La Asamblea quiso ver en Betania una casa de encuentro, una comunidad de amor y corazón de humanidad. Nos desafía a todos a juntar bien estas seis palabras: casa, comunidad, corazón, encuentro, amor y humanidad. Entrelazarlas adecuadamente da como resultado una nueva forma de vida consagrada.

El clamor que sale de los religiosos es el de esta nueva forma de vida consagrada. En la edición del texto final publicado por la CLAR y PPC se encuentran expresiones de este clamor de vida religiosa nueva en las páginas 3, 6, 7, 8, 9, 10, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20 y 23. Es decir, atraviesa todo el documento y bien podemos decir que es su hilo conductor. Se nos pide que se escuche este clamor porque suena a evangelio puro; así la vida consagrada entrará en el dinamismo de la vida resucitada; este grito será auténtico si nace en los nuevos escenarios y lleva la fuerza y pasión de los sujetos emergentes del Continente. La vida consagrada es sujeto emergente y está en un nuevo escenario. Sólo así desaparecerá la impresión repetida en algunas comunidades y personas consagradas de que en esta forma de vida cristiana ha cambiado mucho para que en realidad no haya cambiado nada o al menos lo esencial no se haya tocado. Se siente la amenaza y el riesgo del presente y del futuro. Urge ver los signos de vida que hay en torno a la vida consagrada y “salir del sepulcro” ya que una nueva forma de vida consagrada es posible y para ello estamos urgidos de un nuevo seno que engendre un nuevo modo de ser humanos y de ser religiosos. Las nuevas generaciones de religiosos tienen un rol importante en esta tarea que no puede faltar. La convicción de que una nueva forma de vida consagrada es posible se repite varias veces. El documento termina afirmando que esa nueva forma es semilla, está en gestación, es la alternativa. A describir esa alternativa se dedican los últimos párrafos del documento. En ellos se desciende a precisiones concretas.
Pero el tono y el momento en que nos deja el Plan Global es el mismo en el que nos dejan en nuestros días la mayor parte de las instancias de encuentro, reflexión, programación y propuesta. Hago referencia, de un modo especial a los capítulos generales. Por lo que puedo saber, por ser protagonista en varios de la propia congregación marianista o de otras, estas asambleas se están desarrollando en ambientes buenos y fraternos. Se alza menos la voz de lo que se alzaba en el pasado; hay menos denuncia. Se llega a ponerse de acuerdo bastante fácilmente. Se realizan análisis y evaluaciones oportunas y atinadas; las sugerencias y propuestas son buenas y del buen espíritu vienen. Nos dejan con alimento para hacer el próximo tramo de la historia de la congregación pero no para llegar a la meta. Quedamos en búsqueda, en buena compañía, en sala de espera. No tocamos fondo. Se termina con la impresión de que algo nos falta y que nos falta lo que necesitamos. No damos con los compromisos que produzcan grandes cambios.
Una muerte que lleva a la vida
No hay duda que este texto del Horizonte inspirador ha llegado e inspirado mucho a esta Presidencia de la CLAR, al Equipo de reflexión teológica, a las diferentes Conferencias nacionales y no pocas Provincias y comunidades religiosas. Sé que está siendo “horizonte inspirador” de bastantes religiosos. A todos deja con buen tono, buen espíritu, inquietos. Pero con dificultad para describir y poner nombre a lo que realmente necesitamos: una nueva forma de vida consagrada. Nos ofrece icono, evaluación, convicciones teológicas, tareas para la Presidencia y el Etap; inspiración e intuiciones que no siempre habíamos tenido. Y sobre todo con una: la muerte lleva a la vida. Betania es el icono que necesitábamos. Tenemos que apuntar a una vida que multiplica la vida. No nos sirve el “y- y” ni el “o-o”. Necesitamos alternativa.
Y alternativa a la vida consagrada actual. No se está terminando la vida consagrada; se está terminando una forma de vivir la vida consagrada. Tiene que nacer otra. Pero la vida consagrada tiende a conservar, a no moverse y, con mucha frecuencia, lo consigue. Es verdad que para cambiar bien, como dice H. Maturana, hay que tener dónde poner el pie, dónde apoyarse y desde dónde partir. Pero también a dónde llegar y qué concebir. Supone olvidar, dejar de hacer, des-aprender, suprimir, terminar. Supone, también, sacarse las vendas como tuvo que hacer Lázaro; si no, no habrá movimiento.
En una espontánea lluvia de ideas de contexto latinoamericano y caribeño debemos decir que estamos hablando de un nuevo paradigma, de vino nuevo y odres nuevos, de cambio estructural, de estructuras distintas, de evangelio viviente y vibrante, de alternativa cultural, de más carisma y menos tradición, de transformación. Lo hacemos recordando la historia que nos dice: cuando una forma nueva de vida consagrada ha aparecido no han desaparecido las anteriores; se han transformado. No estamos hablando de nada fácil. Nos estamos refiriendo a lo exigente que es concebir, engendrar, ser fecundos, generar y dar vida. Según el documento las alternativas girarán en torno a la indignación y la creatividad. Estas se convierten, una vez más, en clamor. La vida consagrada es escenario donde se clama y sujeto emergente que clama y en este clamor hay que escuchar a Dios. Pero todo esto no siempre lo entendemos así. “Estas semillas de alternativas quieren llegar al lugar donde sabemos germinar como signos impredecibles del Reino”.
Esto es especialmente urgente e indispensable para la vida consagrada apostólica. La urgencia está recogida en el plan global. Para algunos es delicado el argumento que vivimos ya que supone un juicio al pasado y porque muchas veces se ha quitado sin poner. Además, las nuevas generaciones no dan muchos elementos pero sí no pocas interpelaciones; ayudan a saber qué es lo que se precisa dejar de hacer y dan pocas sugerencias para identificar lo que hay que introducir y proponer. Toca a las generaciones ya en andadura indicar cómo será un presente que tenga futuro. De todas formas, en el Plan Global no hay nada muy concreto en relación con el necesario cambio institucional. Cuando se lee atentamente sí queda uno con provocación, ganas, inspiración, empuje y motivación.
De la conversación con el Papa el 6 de junio sobre este tema bien podríamos decir que “nos dio permiso” para ensayar, buscar y hasta equivocarnos. No hay duda que esta forma nueva de vida consagrada es una semilla. Semilla que puede caer en el camino, entre piedras o hierbas malas o en buen terreno. Pero la semilla no cae sola. Hay sembradores. Se necesitan nuevos sembradores que permitan a la vida consagrada o la muestren caminos y procesos para “salir fuera del sepulcro”, desatarse las vendas, comenzar a andar y agradecer la vida nueva recibida.
En este momento yo personalmente, y sé que otros, nos encontramos en búsqueda y confiados en que meta y etapa nueva se van a encontrar y al mismo tiempo viviendo auténticamente lo que es propuesta ahora y confiando en el Señor que muestra caminos. Es verdad que la institución vida consagrada y bastantes religiosos “claman” y hay que escuchar a Dios en esas vidas que en más de una ocasión se convierten en grito.
Para llegar a la meta, dar el primer paso
Se precisa “comenzar siempre” según el estupendo consejo de Santa Teresa de Ávila. Siguiendo con su vocabulario, cuando corren “tiempos recios” se necesitan “amigos fuertes de Dios” para sacar del riesgo; y la vida consagrada está en riesgo. Por tanto, hay urgencia de dar el primer paso que no es otro que ir a Betania y en compañía de Jesús, Marta, María y Lázaro aprender a resucitar. En Betania se descubre y se vive en “una casa de encuentro, con una comunidad de amor y un corazón de humanismo”. Ahí, en Betania, y con esa compañía, la vida consagrada puede escuchar, mirar, hablar y llevar al corazón y recrear la vida y la consagración. Ahí se pondrá en contacto con otros clamores.
Hay algunas recomendaciones de fondo que pueden servir para dar el primer paso y los pasos siguientes: revisar nuestro lenguaje en torno a la vida religiosa; quizás, como un ejemplo, la palabra “superior” no sirve más. Reelaborar nuestra antropología y optar por la que nos lleve a pensar, sentir y proceder humanamente, a orar, convivir y trabajar por el Reino de diferente manera. Repensar nuestra eclesiología y nuestra espiritualidad. Basar nuestra acción carismática no en la urgencia de la eficacia sino en la humildad del signo. Convertir nuestras comunidades en grupos de contacto vital y de servicio y que sean verdaderos signos maternos que ayuden a vivir en la verdad y no en la apariencia.
No hay duda que para emprender esta tarea se requiere imaginación; así llegaremos a respuestas audaces y creativas; así se ensayará y encontrará camino y no sólo desde una visión mono dimensional, ya que estamos inmersos en realidades pluridimensionales. Realidades, por lo demás, que a veces nos dificultan vivir intensamente. No podemos olvidar que somos una generación híbrida.
Es la oportunidad
Si queremos que así sea, así será. Este plan global deja con tarea para andar en esta dirección. Por este camino nos quiere el Papa Francisco. Después de presentarle este plan global en sus palabras percibí que nos ofrecía método, camino, proyecto; nos trasmitía pasión y visión y nos presentaba una dirección. Nos invitó a ver los signos de vida y los signos de vitalidad que hay hoy en la vida consagrada. Comunicó entusiasmo. Un paso más e importante es ponerles nombre. En otro momento tenemos que acertar a situarles en el contexto cultural y eclesial actual y ver cómo la propuesta tiene algo de nuevo paradigma. A partir de esto, comenzar a vivir etapa nueva; evitar quedarse en el camino y no aprovechar esta oportunidad que se nos presenta. Indispensable para nosotros celebrar este nuevo comienzo: pedir perdón, interceder, agradecer, alabar al Señor ya que la vida consagrada sigue siendo “quilla” (Pablo VI al cardenal Pironio) de la barca de la Iglesia. Así se llega a la alternativa.
Tuve la impresión al terminar el encuentro del día 6 de junio del Papa con la CLAR que el Papa Francisco bendecía este plan y este proyecto. Estaba contento con él. Haber aceptado y querido el encuentro distendido y muy confidencial ya era mucho. El modo cómo se llevó a cabo fue una confirmación de su estilo de animación de la Iglesia y de la vida consagrada y de las ganas que tenía de estar con nosotros. Nos invitó a abrir puertas y a preferir una vida consagrada que se la juzgue y se la critique por alguna de las cosas que hace a una vida consagrada que está enferma por vivir aislada, pasiva y sin implicarse en nada… Nos invitó a querer y hacer lo que el Espíritu quiere. Así ha procedido él desde que le eligieron Papa… a poner oído atento ahí donde la vida clama. Muy fuerte la invitación a defender a los pobres. En este tema hay que cambiar de rueda. Esto es evangelio puro. Metodológicamente se precisa llegar hasta las causas de la crítica situación actual y no quedarnos en los síntomas de la aberrante fuerza de los poderes financieros. Algunos, se diría que están empeñados sistemáticamente en que haya pobres y en que sean muchos ya que es la mejor manera para que haya ricos. Más de una vez repitió una de sus palabras preferidas: no hay que ser autorreferentes; en la Iglesia y en la vida hay que vivir con y para los demás. No tener miedo de denunciar… Nos invitó a la novedad; nos convidó a la audacia; a no seguir los pasos de algunos grupos “conservadores” ni a caer en un pelagianismo renovado. Aparecida no se ha puesto en práctica, nos recordó. No fue solo un documento; ha sido y es un envío en misión. Hay congregaciones muy pequeñas y que no tienen vocaciones y se aferran al dinero. Algo hay que hacer por ellas y con ellas. Transmitió ánimo. La suya es una presencia de anciano pero del que se olvida un poco que lo es y sí acierta transmitir sabiduría y audacia, las propias de quien se sabe con propuesta alternativa.
Este Plan Global y este encuentro con el Papa hay que situarlos en una historia larga y a ratos complicada y tormentosa. La historia de más de 50 años de la CLAR. Ahora los protagonistas han cambiado en el Continente y en Roma. Ciertamente hoy, los religiosos y las religiosas latinoamericanos que se sospechaba que estaban animados de un cierto sentimiento anti romano y “liberacionista” de no buena ley ahora queremos ser apoyo y compañía para la persona, las palabras, los gestos y el proyecto de reforma de la curia y de la Iglesia del Papa. Sabemos, por lo demás, que el plan que nos hemos dado es querido, impulsado y bendecido por el Papa. Así lo sentíamos al terminar nuestro encuentro con él. 
fonte: http://www.vidareligiosa.es/i

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Vocação: Um chamado de amor e doação



Por: Tiago Signorini
Existem diversas situações na vida em que temos a impressão de caminhar sem rumo. As ambições humanas, a sociedade cheia de injustiças, a violência, a corrupção, a perversidade do mundo moderno que faz do homem e da mulher um ser consumista e até ‘descartável’ nos desorientam. Mas o amor de Deus, que nos ama incondicionalmente, não pode passar despercebido. Ele nos chama à vida. Eis aí nossa primeira vocação e a razão para não perdermos a esperança.
Vocação é justamente o sinal de que Deus nos ama, independente do caminho prático que escolhemos seguir. Mas, corremos o risco de achar que vocação é apenas assunto de padre e freira! Engano nosso. Todos somos vocacionados.
Jesus nos chamou a ser “sal da terra e luz do mundo” Mt. 5, 13. Não obstante nossa falta de esperança e de amor, somos chamados a iluminar e a dar sabor ao ambiente em que vivemos.
Deus também tem vocação e, para ser fiel à sua vocação, Ele chama a cada um de nós. A vocação de Deus se manifesta no grito do povo que sofre! Deus foi chamado por aqueles que sofrem e deixou que o chamado entrasse dentro Dele. Ele nos escuta, e quer que nós O escutemos. E mais: Ele quer viver dentro de nós.
Nossa era é uma era privilegiada! Vivemos a “Era da Informação”! Mesmo assim, o homem anda perdido como uma folha solta ao vento. Talvez lhe falte uma orientação, um caminho a seguir e um horizonte para se encontrar. Nós, que procuramos seguir a Jesus, temos um “manual de instruções”, uma bússola que em muito pode ajudar nossa vocação: a Bíblia.
A Palavra de Deus é a história da vocação de um povo. É o álbum das pessoas que Deus chamou: homens e mulheres, rapazes e moças, jovens e adultos. É o espelho de nossa caminhada, a história de nossa vocação.
Existe uma vocação que fundamenta todas as outras vocações: ser o que somos chamados a ser. Nossa vocação principal é ser plenamente humanos, fazendo parte da humanidade. Este caminhar é suficiente para que Deus habite em nós. Tudo o que faz um ser humano tornar-se menos humano não pode ser da vontade de Deus.
Ouçamos sempre a voz de Jesus, o humano por excelência. O Papa Leão Magno dizia: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano!” Seguindo a Jesus, encontramos nossa vocação, nosso chamado de amor e doação.
Fonte: http://www.itf.org.br/vocacao-um-chamado-de-amor-e-doacao-2.html

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Granito

Ei grano de mostaza es una de las semillas más pequeñas que conocemos. Y es esa semilla diminuta la que Jesús elige para utilizarla en alguna de sus comparaciones. La de hoy es excesiva, como todas: si tuviésemos la cantidad de fe mínima, minúscula, del granito de mostaza viviríamos de otra manera.
Mover una montaña o mandar a un árbol que se plante en el mar son dos acciones poco útiles, pero desproporcionadas en relación al tamaño de la fe necesaria.
Ese casi nada necesario para lograr lo improbable es lo que el nazareno reclama a los suyos. Pero no para realizar acciones desbordantes de poder caprichoso que a tantos sorprendería y adularía. Esos signos fuertes y descarados que muchos siguen buscando y reclamando de un Dios indiscutible y evidente en el que fuera obligatorio creer por esas demostraciones de poder casi caprichoso.
El granito de mostaza nos remite a esas otras realidades que son tan casi nada que se nos escapan entre los dedos de la mano fuerte y déspota que quiere controlar y manejar, incluso al mismo Dios. Esas realidades frágiles y discretas, cotidianas y que no se imponen groseramente, son las semillas del Reino que solo se pueden percibir con el regalo de la fe.
Esa cantidad infinitesimal necesaria de fe que es regalo y que va creciendo sin que nos demos casi cuenta pero que también hay que cuidar casi con mimo. Con el mimo y el esmero de lo que es frágil y hermoso, de lo que es sagrado porque es al mismo tiempo profano, de lo que es desconcertante y pacificador, de lo que es sutil y que engendra toda su fuerza en la debilidad.
Por ahí, por aquí, se va moviendo este Dios de Jesús en nuestro día a día. Y si tuviésemos la fe como ese grano de mostaza lo percibiríamos con los ojos sorprendidos y admirados y con el corazón agradecido cotidianamente.
Y este granito de fe lo tenemos todos, porque es regalo, pero no lo solemos percibir porque es demasiado pequeño y sin importancia para que le prestemos atención.
Escrito por Miguel Tombilla.
Fonte http://www.vidareligiosa.es

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

“O caminhante e a trilha”

caminho
Por: Frei Elói Piva

Caro confrade,
tenho o prazer de lhe fazer um convite. Confie! Venha comigo! Empreenderemos uma pequena viagem. Certamente será de seu agrado. Assim o desejo. Assim o espero.
O itinerário que lhe proponho não é novo… Desinteresse?! Não! Pode parecer contraditório, mas, justamente ao relativizar a novidade, pretendo provocar sua curiosidade. É que no itinerário que lhe proponho, o que é antigo é sempre novo, o que é novo é antigo, o que é plural é também singular e o que é singular, único e pessoal, promove e possibilita encontro; e, quando assim age, pode ser expressão de amor.
Este itinerário de viagem é o da fé. Itinerário embutido em trilhas de vida humana, em inúmeras histórias de amor! Tantas quantas forem as pessoas de fé! Mesmo restringindo-nos ao cristianismo ou ao catolicismo é um desafio para a memória individual ou coletiva sequer enumerá-las. Não menos numerosas e diferenciadas são também as apreciações a respeito destas trilhas e dos itinerários percorridos. Avaliações que se recriam na mesma proporção dos admiradores e/ou dos questionadores. Até controvérsias se estabelecem e agrupamentos sociais se formam a partir das observadas características de sendas de fé. É que o atributo de ricas e significativas não sinaliza somente um convite, cuja resposta poderia então ser opcional; assinala, sim, o decisivo, o fundamental, a luz na escuridão. Por isso, o interesse. Acredito que seja assim. Nesta linha, uma carta, inédita porquanto escrita a quatro mãos, foi-nos dirigida recentemente pelo papa Francisco, intitulada Lumen Fidei. Ele e o papa emérito Bento XIV falam do que é comum à nossa Tradição e do que lhes é pessoal e específico de cada um, recordando, de maneira atual, o que gratuitamente recebemos e condividimos, e assinalando o que é próprio e pessoal, ou seja, o que só diz respeito a Você, a mim ou a quem quer que seja. E, assim como eles, outras pessoas manifestarão sua fé, explicitando-a de diferentes formas – como estamos fazendo aos leitores de Comunicações, neste “Ano da fé”.
Aceito o convite, percorrida até aqui a estrada, por gentileza, conte Você, a partir de agora, aos leitores de Comunicações o percurso que fizemos na trilha de vida de duas pessoas que tivemos a graça conhecer, aí descobrindo traços do itinerário da fé.
– Então, ao iniciar a acenada viagem, oportunidade que se nos oferecia para observação e constatação de um caminho de fé, procuramos um acesso. Aceitamos uma imaginária carona do Google Earth – programa de mapeamento virtual de nossa casa comum, a “mãe Terra”. E, a partir de algum ponto imaginário nas alturas, aproximamos seu rosto e/ou achegamo-nos a ele. Achegamo-nos a um aglomerado urbano. Individuamos um prédio, desses prédios de conjunto populacional popular, de 7-8 andares, cujo acesso físico aos apartamentos só pode ser feito por uma escada de um metro de largura. Feito isso, agradecidos ao Google pela noção de distância e de aproximação que nos deu, bem como pela viagem imaginária que nos proporcionou, dele nos despedimos. Na verdade e no âmbito de liberdade, nós é que estabelecemos o direcionamento que o “Google”, sempre tomado como ficção, podia nos oferecer.
Individuado o supracitado e anônimo prédio, a senha para chegar ao apartamento 605 tinha-nos sido oferecida pela informação de frágeis e limitativas condições de vida de um casal de idade relativamente avançada (na casa dos 70 e 80). As frágeis e limitativas condições de vida são constituídas, principalmente, pela enfermidade que prende à cama e/ou que clama por muletas para um deles; que tolhe autonomia e torna nossos debilitados anfitriões dependentes de pessoas que os ajudem ou que carreguem a um deles escada-abaixo, escada-acima, em situações de emergência; que os faz depender do socorro de parentes, amigos e vizinhos para locomoção de carro ou para algumas outras necessidades. Nessas circunstâncias, o sonho da liberdade de ir e vir e de alterar semelhantes condições físicas se faz sumamente saudoso e desejável! Elas, as condições, são determinantes, e ele, o sonho, reina platonicamente! Mas, não haveria alguma trilha iluminada, perguntávamos nós a nós mesmos?
Com certeza, queríamos acreditar. Podemos até imaginar que esta constatação e este comprometimento inerente à nossa visita sejam próprios dos discípulos de Jesus Cristo, porque, assim como Maria empreendeu uma viagem movida pela ajuda a prestar, apresentou-se diante da casa de Zacarias, cumprimentou Isabel e foi convidada a entrar, também nós empreendemos uma viagem em direção a periferias existenciais, como se exprime o Papa Francisco, batemos à porta do “apertamento” 605, soamos a campainha, e fomos generosamente acolhidos por seu Raimundo dos Santos e Dona Conceição Aparecida, ou, simplesmente, por Raimundo e Conceição. Olhos nos olhos, saudações, conversa vai, conversa vem, agradecimentos e pedidos a Deus, ao Deus de Jesus Cristo, “amante” da vida e de cada ser humano e, por isso, em Jesus Cristo, crucificado. Seu sacramento de entrega ou de amor, sobremaneiramente sinalizado no “Pão da vida”, partilhamos em cada visita.
Depois do primeiro encontro, outros se seguiram, também com outras pessoas. E, sempre fomos agraciados com a mesma renovada e afável acolhida, com simplicidade e alegria; mas também com a fala do medo e da coragem, da dúvida e da fé, da clara consciência da “prisão e da janela” que aquelas concretas circunstâncias impõem e possibilitam. Refazer o caminho do prédio, apertar o botão do “apertamento”, esperar autorização, subir as escadas, aguardar a porta se abrir, cumprimentar, entrar, ir até o acamado significou permitir que aquele caminho humano e de fé daquelas pessoas nos interpelasse, nos instruísse e nos encantasse. Ao visitá-los fomos nós mesmos agraciados, porque também fomos visitados e por uma visita que nos liberta e salva, porque nos oferece algo que vem de Deus. Significou também para Raimundo e Conceição a possibilidade de intuírem que nosso caminho também é singular, de agradecerem a Deus e de perceberem que seus fardos tornarem-se um pouco mais leves.
– Fale-me um pouco mais do Raimundo e da Conceição, pede Você. – Sim, respondo. Raimundo, 74, há mais de ano, tinha ficado preso à cama por uma artrose generalizada; agora já perambula pelo “apertamento” com andador; e, há pouco, fez o primeiro ensaio bem sucedido de descer as escadas, embora amparado. Lentamente progride em sua melhora física. A “cabeça”, ótima: guarda bela e carinhosa recordação dos filhos e amigos de trabalho, continua inveterado e entusiasta flamenguista e, na conversa, sempre encontra uma palavra-alternativa, alguma expressão que atesta seu bom humor e movimenta a conversa. Conceição, 77, foi doméstica durante muitos anos, e catequista; foi e continua sendo exímia doceira; ela é quem exerce a função, digamos, de ministra das “relações exteriores” para seu marido Raimundo.
Bem, diante dessas circunstâncias, aqui tão somente esboçadas, Você talvez imagine que ela, a Conceição, poderia ser uma pessoa abatida, desalentada, cansada da vida, descontentemente inconformada. Nada mais equivocado, porém. Ela é quem vai às farmácias, aos médicos, aos mercados; é ela quem corre em busca de uma cama mais adequada para o marido ou de outras melhorias; é ela quem se ocupa e se preocupa com seus 5 filhos, noras e cunhados, netas e netos; é ela quem prepara a comida, lava a roupa, cuida da casa; e tudo isso, não com uma saúde de ferro, mas apesar de recorrentes câimbras e de ter que andar meio torta, portanto, com dificuldades! A conclusão que então se descola é que ela é uma guerreira, porque, apesar de tudo, anda sempre disposta e cheia de iniciativa; participa, assim que pode, de celebrações litúrgicas; admira e gosta de canto-coral; nos finais de semana ainda arma uma barraquinha de doces, na rua, ocasião em que alguns rapazes, homens e mulheres estão sempre por perto, conversando, animando, dispostos e prontos a ajudá-la em decorrência da simpatia dela, de sua luta, de sua amizade e de seu bem-querer a todos, em suma, de sua contagiante alegria e disposição.
Os filhos, as filhas e os familiares, de condições econômicas e de saúde também visivelmente limitadas, sempre a visitam, atentos ao que podem fazer por seus pais, avós, sogros; um dos filhos mora fora do país, mas o coração de mãe e pai torna-o sempre presente. Desejam, porém, vê-lo pessoalmente mais uma vez antes de morrer ou, vê-lo “e depois morrer”, como afirmaram certa ocasião, lembrando Simeão!
Então, o que se passa em nossa cabeça é que tudo isto só pode ser resultado de uma íntima resposta de amor e, portanto, de fé a quem amou primeiro e é fiel em seu amor. Observamos ainda que a positividade diante dos limites de vida, a dedicação, a iniciativa, a bondade e a religiosidade estão em contraposição à paciência (ciência do padecimento) ao fazer as contas com o dinheiro contado e a situação de quase imobilidade. Estas indicações são, pois, estrelas que os distingue. Por isso, por ocasião de uma de nossas visitas, perguntamos: Conceição, como seria pra senhora uma pessoa de fé? Que imagem a senhora se faz de uma pessoa de fé? “Ouça” o que ela respondeu, depois de pensar um pouco: “uma pessoa de fé é uma pessoa ‘que se entrega totalmente’, que se lança, que confia plenamente. É como se tivesse dentro dela uma fonte de energia e de consolo; mas, muitas vezes, falando por mim, não é fácil manter o pique – advertiu. Não se tem fé segura de uma vez por todas. Muitas vezes sinto vontade de gritar, de interpelar, de xingar. Mas depois passa”. E complementou: “eu sei em quem acredito, sei que Ele está ali, que ele está aqui, que se encontra à minha frente. Ele também sabe”. Tivemos, então, certeza: ela falava de sua experiência pessoal. E, perguntamo-nos: não seria este que suscita tamanha confiança o Deus de Jesus Cristo, testemunhado e transmitido pela comunidade de fé cristã, pelos cristãos também individualmente considerados?!
Depois, percorrendo nossa trilha pessoal, considerávamos entre nós, se a Fé não seria como uma forte luz que ilumina as trevas da estrada, uma feliz e operosa esperança que rasga a trilha da vida e que faz com que o percurso pessoal e comunitário seja gratificante. Acreditamos que pessoas de fé são semelhantes a Raimundo e Conceição, independentemente das condições sociais, pois sabem em quem confiam, a quem se entregam de maneira plena e total; são operosas, constroem e testemunham o Reino de Deus, pois se entregam operosamente aos desígnios de Deus; são amantes da vida, propositivas, amigas; são corajosas, perseverantes; admiradoras e respeitadoras de todas as pessoas; amáveis e, não obstante, trazendo em seu corpo e em sua alma marcas do Crucificado; experienciam, de alguma forma, que Deus veio e vem amorosamente a seu encontro em Jesus Cristo e, por isso, creem; lembram, assim os primeiros discípulos, que foram ao deserto em busca do Messias, e que pelo assombro inusitado que a pessoa de Jesus despertava neles, acolheram o dom da fé e vieram a ser discípulos de Jesus (cf. DAp 21), lembrando também São Paulo que assim exprime sua experiência de vida: “Ele me amou e por mim se entregou” (Gl 2,20) – sou, então, por sua graça, uma nova criatura!
E, agora, caro confrade, amigo leitor, amiga leitora: certamente, Você não viu a fé andando por aí. Mas, com certeza, Você conhece muitos outros Raimundos e muitas outras Conceições, “conjugados” ou não. Você, certamente, conhece muitos deles em circunstâncias bem ou completamente diferentes daquelas dos moradores de nosso “apertamento” 605. Sim, concordo: a variedade de conjunturas pouco importa. Em diferentes situações pessoas como Raimundo e Conceição são estrelas no universo da fé! São como flores pequeninas, despercebidas talvez, mas igualmente maravilhosas. E não são poucas! Por acaso, elas não lhe são motivo de admiração e louvor? Uma vez que transpõem montanhas, atravessam rios, ultrapassam névoas escuras, não iluminam tua própria trilha de vida e todas as trilhas? Diriam, certamente, teólogos e místicos: sua vida está escondida em Deus, mas sua manifestação se deixa ver para quem tem olhos para ver; trazem Deus à superfície de suas obras, à superfície da encarnação. Quem ama vê; quem vê admira, quem admira se comove e age de acordo com os desígnios de Deus.
Fazendo um balanço, manifestamos esta esperança: Quem sabe o esboço desta singular viagem seguindo, na trilha da vida, o itinerário de fé de Raimundo e de Conceição não te ajude a recordar as viagens que Você fez seguindo pessoas de fé! Quem sabe não te ajude a desejar mais itinerários de fé em trilhas de vida e, principalmente, a continuar em sua trilha de vida seu itinerário de fé…
O caminhante sou eu, é Você, somos nós; a trilha é a do Amor que suscita o itinerário da fé.
fonte: http://www.itf.org.br/o-caminhante-e-a-trilha-texto-do-frei-eloi-piva.html